terça-feira, 15 de abril de 2014

NOTURNO


Poeta Baiano

A minha noite é imensa dentro da sua largura,
e de um canto a outro é cheia de grilos -
deuses do Oriente que cantam para as estrelas
que se deleitam e dançam seu brilho para mim.

A minha noite é silente e calma - uma tempestade
que avança na imensidão dos meus abismos
como vermes a roer minha carne e meu prazer.

Dentro da minha noite tem uma vaca
que é sagrada e é um templo, uma igreja:
o seu chocalho é o sino que a todo instante
anuncia a vida e me convida para o agora.

A minha noite é enorme e dentro dela cabem
as mil e uma noites, bilhões de estrelas
                                            e toda a poesia.

                                              José Inácio Vieira de Melo



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