quinta-feira, 29 de agosto de 2013

D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL





Deu-me Deus o seu gládio, por que eu faça
a sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
às horas em que um frio vento passa
por sobre a fria terra.

Pôs as mãos sobre os ombros e doirou-me
a fronte com o olhar;
e esta febre do Além, que me consome,
e este querer grandeza são seu nome
dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
pois, venha o que vier, nunca será
maior do que a minha alma.

                                                       Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. Em 1437, D. Fernando participa numa expedição militar ao Norte de África, comandada pelo irmão mais velho o Infante D. Henrique, mas com o voto desfavorável dos outros infantes, Pedro, Duque de Coimbra e João, Infante de Portugal e do próprio Rei D. Duarte que, vítima de estranhos pressentimentos, só muito a contragosto consentiu na partida da expedição. O Rei terá entregue ao Infante D. Henrique uma carta com algumas recomendações úteis, que foram por algum motivo ignoradas. A campanha revelou-se um desastre e, para evitar a chacina total dos portugueses, estabeleceu-se uma rendição pela qual as forças portuguesas se retiram, deixando o infante como penhor da devolução de Ceuta ( conquistada pelos portugueses em 1415). No entanto, o Infante pareceu ter pressentido o seu destino, pois ao despedir-se do seu irmão D. Henrique, lhe terá dito "Rogai por mim a El-Rei, que é a última vez que nos veremos!"

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