quarta-feira, 27 de março de 2013

SONETO - CANTARES E TANGERES






"Eu quero fazer música com minha dor".
 Traga-me pois, bela taça de vinho tinto.
 Ao primeiro trago, saberás o que sinto.
 Co'amargos versos, degusto seco sabor.

 E, traga-me ainda, meu violão por favor!
 Plangente acalanto para um amor extinto.
 Já não anseio sair desse labirinto,
 a solidão abafou meu débil clamor.

 Angústia, desespero, já não me amedronta.
 A treva sentinela também não me afronta,
 desilusão alguma me leva ao abismo.

 Mesmo abraçado a minha dor, valsarei tangos,
 bailarei modinhas, folias e fandangos.
 Da minha própria dor, eu só quero o lirismo.

                                                          Manuel de Azevedo



3 comentários:

  1. Um grande poeta potiguar, representante da cidade de Lagoa do Matos. Um homem brilhante e cheio de lirismo, como a sua dor tomada por estes versos...

    Foi marcante conhece-lo e tomar umas de leve contigo no Beco da Lama.

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  2. Corrigindo, Manuel de Azevedo é de Santana do Matos!

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  3. Grandíssimo poeta e figura humana. Um amigo das letras!

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